A Grande Estremadura é uma região do Centro Litoral de Portugal que abrange, grosso modo, o território das antigas províncias da Estremadura e Ribatejo, além de parcelas do litoral beirão e do litoral alentejano.
Com uma história comum, grande parte dela centrada na acção dinamizadora da cidade de Lisboa e do seu entorno periurbano, bem como de alguns núcleos urbanos regionais como Santarém, Setúbal, Torres Vedras, Leiria, Tomar e Abrantes, esta região caracteriza-se por ter uma paisagem relativamente plana, marcada pelo litoral atlântico e pela bacia do Baixo Tejo, onde os pontos mais elevados são constituídos pelos pequenos maciços das Serras da Arrábida e de Sintra, e pela zona sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, que divide a Estremadura do Ribatejo.
Em virtude da
influência atlântica, o clima é temperado. Os Verões são frescos e os Invernos,
apesar das zonas mais afastadas do mar serem um pouco mais frias, são em regra
suaves. Por outro lado os solos são, regra geral, de tipo arenoso a sul e de
tipo argilo-arenoso e argilo-calcário a norte, o que tudo conjugado, torna esta
região particularmente interessante para o cultivo da vinha e de pomar, sendo
que, em algumas zonas, sobretudo no Médio Tejo, é também possível encontrar extensos
olivais (a norte-poente) e sobrados (a sul-nascente). Por outro lado toda a
zona circundante de Lisboa, a sul e a norte do estuário do Tejo, era e é também
particularmente importante no cultivo hortícola, constituindo esta «zona
saloia», pela sua proximidade e riqueza, a principal zona de abastecimento da
capital.
As principais
formações rochosas são do tipo calcário, característica que marcou a
arquitectura tradicional da região, sobretudo a de melhor qualidade. Em termos
patrimoniais aliás, uma das características desta região é a profusão de
pequenas e médias quintas, muitas com casas nobres e capela, vestígios de uma pequena
elite familiar, sem grandes tradições senhoriais, que pelo menos desde o
período da Expansão se estabeleceu na periferia e regiões adjacentes da cidade
de Lisboa.
De facto os
grandes domínios senhoriais históricos desta região, sobretudo a partir da II
Dinastia, circunscreveram-se à Coroa e a instituições na esfera da mesma, como
a Casa das Rainhas (Sintra, Óbidos, Alenquer, Torres Vedras), a Casa de
Bragança e depois do Infantado (Porto de Mós, Torres Novas) e as Ordens
militares de Cristo (no Médio Tejo, delimitando a Grande Estremadura a nascente)
e de Santiago (na Península de Setúbal e no Litoral Alentejano, delimitando a
Grande Estremadura a sul). Fora do âmbito da Casa real, destacava-se a
importância senhorial de alguns conventos, sobretudo do Mosteiro de Alcobaça, cujas
terras constituíram a norte, por assim dizer, a fronteira natural e senhorial
da Grande Estremadura, mas também de algumas das mais antigas casas conventuais
lisboetas (S. Vicente de Fora, S. Domingos de Lisboa, Chelas, Santos, etc.),
que foram recebendo ao longo da sua história, de reis e particulares, várias
propriedades, depois transformadas em quintas, casais e aldeias que moldaram a
paisagem desta região influenciados pela sua acção administrativa e
dinamizadora.
Lisboa, pela
sua importância económica, política, social e cultural, atraiu ao longo da sua
já longa história gentes de diversas paragens que aqui chegavam, por terra e
por mar, ao extremo mais ocidental do continente europeu. Não deixa por isso de
ser relevante pensar na importância desta cidade e na influência que esta
exerceu na história e o património desta grande região que a envolve, a Grande
Estremadura.
Ao fim de 10 anos no mundo dos blogues com a página «História e Património (History and Heritage)», iniciada em 30 de Junho de 2005, a que se seguirão em 2011, «História e Arte no Período Barroco», «História de Almada», «Lugares de Almada», «Lugares da Caparica», «Lugares do Concelho do Seixal» e «Arquitectura Religiosa Moderna», começo agora um novo projecto com o Blogue «Lisboa e a Grande Estremadura: História e Património», que sucede assim ao blogue também criado em 2011, «Património Religioso da Região de Lisboa», alargando as temáticas ao restante património histórico, mas mantendo as entradas já publicadas anteriormente, adicionando outras da minha autoria que se encontravam dispersas por outros lugares.
Esta página / blogue divulgará apontamentos, alguns pouco conhecidos, sobre o património histórico de Lisboa e da Grande Estremadura, procurando sempre que possível evidenciar a estreita relação entre a história e desenvolvimento da capital e da grande região que a envolve.
Caparica, 28 de Setembro de 2015
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